OS NOVOS RICOS E A MUDANÇA

OS NOVO RICOS E A MUDANÇA

Restam dez dias para o encerramento da campanha eleitoral que decidirá os cargos majoritários dos Estados e da Nação.

Os resultados para deputados estaduais, federais e senadores já são conhecidos do primeiro turno. Houve grande renovação no legislativo. É inegável que os eleitos novos expressam a vontade da população por mudança no quadro político. Não se pode negar, igualmente, que a tendência por mudança do primeiro turno se repetirá no segundo.

Esse movimento dos eleitores, visto pela outra face da moeda, significa que estão desiludidos com os políticos, mais, com a própria política. Chegou a exigir solução radical, a intervenção militar com a volta ao regime de 1964 como se vulgarizou na greve dos Caminhoneiros. A busca por esse autoritarismo ainda se encontra em grande parcela da população que crê na solução militar. Muitos são os que assim pensam. Há que se reconhecer, o sistema democrático está em crise. Não se acredita mais em valores democráticos na condução do processo civilizatório da nação. O Brasil está se afastando, inexoravelmente, das maiores democracias como as dos Estados Unidos e da Europa.

A realidade contemporânea se iniciou com o mal desempenho econômico do último governo Dilma. Seguiu-se o impeachment, os escândalos inumeráveis de políticos divulgados pela Lava Jato que ainda não cessaram, a extrema impopularidade do governo Temer, os resultados econômicos sofríveis e os sociais ainda piores.

Nesse pano de fundo de uma democracia em crise transcorrem-se as eleições brasileiras de 2018. 

Os analistas políticos são concordes que as eleições atuais não há parâmetros comparativos com outras desde o restabelecimento da democracia após o regime militar. São eleições incomuns, atípicas.

Dificilmente, Jair Bolsonaro vai perder os votos dos ricos que já estão com ele desde o primeiro momento.

A eleição se decidirá entre os mais pobres que são em número bem maior.

Mas, os pobres estão no WhatsApp. Desligam a TV no horário eleitoral e não leem os jornais da imprensa tradicional.

Surgiram fenômenos sociológicos como mostra a última pesquisa do Ibope. A maioria dos eleitores declararam intenção de votar em Bolsonaro e 75% consideram que ele é candidato dos ricos.

O candidato dos pobres é Haddad está com 25% dos entrevistados.

É a primeira vez na história das eleições brasileiras que um candidato dos ricos é líder em relação ao candidato dos pobres. A divisão entre ricos e pobres é arbitrária, mas é utilizada pelo Ibope em suas pesquisas, deve ficar claro.

Somos um país dos mais desiguais do mundo. Os ricos não chegam a 10%. No entanto, ¾ da população pensa como os ricos em relação à eleição. Este número é formado por 44% da população que é classe média somado a outra parcela de ‘pobres’. Os eleitores de Bolsonaro são esses “novos ricos do WhatsApp’ podemos chamar assim.

Era necessário colocar no centro do debate o programa de Bolsonaro e o de Haddad, o que representa para a população em geral, os trabalhadores e os pobres. O risco que a população corre é social e econômico, não outro.

Mas, não houve e nem haverá debate.

O WhatsApp comandou as eleições. As notícias falsas e tendenciosas desviaram a atenção para o Mito do bezerro de ouro, a mistificação, as falsas crenças e as questões morais da época do azagaia. Tudo isso que nada representam para o bolso do cidadão como o emprego, o pão, o leite, o arroz-feijão.

A eleição virou Carnaval e, como na quarta-feira de cinzas, a fantasia de ‘Novo Rico do WhatsApp’ não terá mais valor algum.

A ficha vai cair e verá que não houve mudança, piorou. Assim como Temer piorou. Será tarde demais.