CIDADE INTELIGENTE

CIDADE INTELIGENTE

Águas de Lindóia é fácil de ser administrada.

A estrutura urbana está definida, ruas asfaltadas, rede de água, esgoto, iluminação, arborização, urbanização de parques, jardins, poucas estradas rurais onerosas para qualquer município restando ao poder público zelar pela limpeza e manutenção da cidade.

A conclusão do excelente projeto do novo Plano Diretor, a ser aprovado no próximo ano pela Câmara Municipal, é um passo inteligente que garante o desenvolvimento sustentável. A alta qualidade desse projeto está sobretudo na garantia de igualdade territorial do município entre o centro e os bairros e na proteção ambiental das montanhas.

Providenciar o registro das áreas de recarga do balneário como Santuário ecológico é o próximo passo. A água-mãe, que deu à luz a Estância Azul terá, finalmente, seu prestígio reconhecido e se igualará às fontes famosas internacionais.

É inegável que os 60 mil litros que jorram, naturalmente, a cada hora é produto de exportação. O desprezo pelos recursos financeiros que adviriam da mineração é andar em caminho errado.

Além da exploração econômica da água há a utilidade de seus recursos medicinais. Após a reforma do balneário deve se planejar a ampliação da oferta de serviços de saúde como atividade ininterrupta anual a servir à população e ao equilíbrio do afluxo intermitente de pessoas apenas aos finais de semana e férias na atividade turística.

O benefício do clima e natureza ímpar merecem um projeto de saúde que contemple as especialidades curativas da água associadas à medicina paliativa e geriátrica. A cidade tem potencial para se destacar como expoente no cuidado de idosos locais e visitantes.  Estrutura física existe, é necessário definir e implementar as atividades e divulgar.

Águas de Lindóia é uma estância que deu certo.

O mérito são de todos, seja o poder público municipal desde seu primeiro prefeito nomeado Dr. Firmino Cavenaghi (1938), ao atual Gil Helou, seja à força de trabalho que construiu a cidade, operários e funcionários, em toda história do município.

Um ‘paradigma político’ norteou as ações municipais com base na conservação, embelezamento e realização de eventos na estância para a atividade destacada de turismo.

O aumento da população (hoje em torno de 20 mil habitantes), as notícias diárias como desastres ambientais, desemprego, pobreza, déficit habitacional, comércio e uso de drogas entre outros, mostram que é necessário se preparar para o futuro.

Encontrar soluções inteiramente novas são imprescindíveis ao ponto de parecer contrassenso se dizer que está bom, mas tem que mudar.  

Porque não se resolvem os problemas atuais com soluções do passado. Há que ser realista e admitir que estamos em vias de solucionar o problema ecológico, mas não resolvemos os enormes problemas sociais que se avolumam na cidade.

Importante reflexão sobre a questão social água-lindoiana deve ser feita com a recente demolição da habitação precária da Caixa D´Água.

O esqueleto de concreto que seria o engarrafamento da água da Fonte foi abandonado e permaneceu no alto do morro qual a cruz do Calvário. Acabou se tornando a solução do problema social que surgia, a falta de moradia para trabalhadores da construção civil de outras localidades atraídos por empresários.

A Caixa D’Água serviu de habitação coletiva, precária, ocupada por famílias de baixa renda.

A falta de coesão social (solidariedade), o isolamento físico (também, existente entre o centro e os bairros), somados ao estado emocional (insensibilidade dos mais abastados), cria a falsa linha imaginária do nós e eles, como se uns fossem a civilização e o outros bárbaros.

Devido a esse preconceito social se deu mais importância às fotos do entulho da demolição que à própria entrega de 50 casas.

Houve avanço com as novas casas? É claro que sim!

Mas, é necessário mostrar a questão em toda sua complexidade. Primeiro, se aguardou 40 anos e necessitou dos esforços de uma sequência de prefeitos como Martinho, Toninho Nogueira e, finalmente, Gil.

Depois, o déficit da casa própria continua alto e atinge a maioria da população que, apesar da baixa renda (média de um salário mínimo), paga aluguel e já está obrigada a optar pela coabitação (duas ou três famílias na vivendo na mesma casa).

Por último, os bairros não são o território de insegurança, mas lugar de trabalho, lazer e embate político cujos cidadãos tem poder de decisão eleitoral como qualquer um ante a falta notória de políticas públicas.

Não são políticos ou partidos, mas a ideia que une a todos no combate ao sistema social perverso com estruturas e melhores soluções para se ter uma cidade inteligente no futuro.

Quem é realista tem que admitir, a prioridade da agenda política está na questão social e a solução do Brasil começa solucionando a do município.

É trabalhoso, é um desafio, mas valerá a pena!