O TRIBUNAL DO CIDADÃO

 

O TRIBUNAL DO CIDADÃO.

 

A eleição para presidente este ano tomou a característica de um júri popular. É um tribunal, os eleitores decidirão pela culpabilidade ou não. O réu é o Partido dos Trabalhadores.

Antes de se definir os candidatos para o segundo turno Bolsonaro seria derrotado por todos Alckmin, Ciro ou Marina.  Com Haddad haveria empate técnico. Nessa situação de empate se encontrarão no dia da votação.

Haddad, como os outros candidatos, venceria Bolsonaro se não fosse candidato do PT. Porém, se não fosse candidato do PT não chegaria à situação que hoje se encontra. Os outros candidatos ficaram para trás.

Entre os eleitores de Haddad estão os petistas e os que, embora não sendo petistas, rejeitam Bolsonaro como candidato ideal.

Os eleitores de Bolsonaro são os que aprovam seu modo autoritário e os que são contrários ao PT. Esses eleitores contrários ao PT, praticam o chamado ‘voto útil’, pois não votariam nele caso fosse Alckmin, Ciro ou Marina.

Nessa disputa Bolsonaro em si representa a menor parte, em torno de 25% dos eleitores, é o seu limite calculado pelas pesquisas. Por isso mesmo, é contrassenso caso se eleja. Será o representante de uma minoria autoritária de 25% e não do pensamento da maioria absoluta da população brasileira que é democrática, pacífica e deseja harmonia na nação.

O povo brasileiro não aprova a prática da tortura, a licença para o policial matar, a pena de morte, o metralhar pessoas, a censura da imprensa, o fechamento do Congresso ou Supremo Tribunal Federal, a aprovação do “pacote de veneno” com retirada da fiscalização sobre o uso de agrotóxicos, a liberação para desmatar as florestas, a ameaça de considerar terrorismo qualquer tipo de ativismo social que inclui a defesa do meio ambiente (cuidado grupos ecológicos lindoienses!), a retirada do Brasil do ‘Acordo de Paris’ tratado de controle de gases de efeito estufa, o preconceito contra os trabalhadores, mulheres, negros e índios. Ainda pior, caso seja derrotado Bolsonaro declarou que será fraude dos resultados das urnas.

Como se fosse num Tribunal de Júri, está difícil convencer os cidadãos do perigo de se eleger um presidente autoritário como esse.

Há um sentimento de profunda mágoa aos governos petistas por todas as falhas cometidas. Como convencer se o PT vem sendo atacado pela imprensa desde 2014, que a corrupção do PT é a causa de todos os males e da crise do Brasil.  Venderam essa ideia que não é verdadeira sem levar em consideração e comparar os índices do Brasil em 2014 e até hoje, são muito melhores que antes de 2002, inclusive no combate à corrupção.

É uma ironia, não aprovam as atitudes de Bolsonaro, mesmo assim, votam nele para condenar o Partido dos Trabalhadores como réu. É uma piada como a do marido que ao descobrir que sua companheira o traia no sofá decidiu jogar o sofá fora. O sofá, no caso, é a democracia brasileira.

As filhas do velho senhor Arlindo perguntaram ao pai em quem havia votado no primeiro turno. “Haddad”, respondeu. “Como?”, reagiram nervosas, “o senhor votou no PT?!”.  Calmo ele respondeu:

“Resolvi dar uma nova chance”.

Assisti à cena. Sendo eu avô como ele, captei logo a sabedoria do ancião: a nova chance é a chave do dilema da eleição. É o caminho mais seguro para a paz e a concórdia.

Dou nova chance.

Absolvo o réu.  

Voto 13 e 40.