Leila Tavares Lapyda -- nov/2020
... Do bloco D, 120 passos me separavam do (e me uniam ao) Centro de Vivência. Era muito e era pouco. Muito se fosse para encontrar os amigos, pouco se logo estaria exposta à amplidão daquele salão, aos olhares de colegas de moradia ou mesmo de desconhecidos passantes pelo Crusp. Excitada, desejosa, medrosa, percorria o corredor até lá. O teto baixo do corredor me acolhia; os olhos preventivamente baixos não bastavam para me furtar de cruzar olhares desconhecidos. Quando apontava alguém, já me entretinha com os desenhos das rachaduras do piso e com os movimentos das sombras nos pilares do corredor. Só o corredor vazio me tranquilizava. Não completamente. Passar pela portaria de outros prédios me sobressaltava. Alguém sempre podia estar saindo... Olharia? Falaria “oi”? Seguiria passo-a- passo, lado-a-lado?...