CONFIANÇA CEGA, SURDA e MUDA
Por enquanto não se sabe como será o novo governo do presidente Bolsonaro. Há apenas dez dias da posse, pelas notícias, sua equipe de governo levará algum tempo para afinar violas e acertar ponteiros.
O Chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni (DEM-RS) tem colecionado polêmicas com membros da equipe. O aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), proposta de Paulo Guedes, ministro da economia, foi vencida na queda de braço com o Chefe da Casa Civil. Guedes chegou a dizer: “Onyx é um político falando de economia”. Onyx foi longe, desmentiu horas depois o próprio presidente Bolsonaro que havia anunciado o aumento do IOF.
Há disputa nos bastidores pela coordenação do governo.
Ficou visível quando o ex-general Hamilton Mourão, vice-presidente, expôs o choque dos ministros militares com o protagonismo exagerado de Onyx. O presidente Bolsonaro decidiu não extinguir a Secretaria de Governo que estava prevista e nomeou para a pasta o general Santos Cruz, enfraquecendo Onyx.
Outra queda de braço aconteceu em relação à APEX (Agência de Promoção e Exportações). Dotada de orçamento de 650 milhões de reais Guedes tentou levar a agência para a alçada no Ministério da Economia. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente, foi contra e manteve a APEX no Itamaraty. Em seguida indicou o amigo, Alex Carreiro, para o cargo de presidente da agência. Alex foi demitido pelo chanceler Ernesto Araújo nesta quarta-feira (09.01), uma semana após a nomeação e gerou crise. Alex continua trabalhando e a receber autoridades em audiência. A causa é o desencontro entre o Itamaraty e o Planalto, se foi nomeado pelo Presidente não pode ser demitido por um subordinado como Araújo.
Repercutiu mal a promoção de Rossell Mourão para assessor especial do Banco do Brasil. O humorista Danilo Gentili, um dos grandes apoiadores de Jair Bolsonaro, criticou dizendo: “Isso não é uma nova era. É a era Sarney”. Rossell é filho do general Hamilton Mourão, receberá salário de 37 mil reais mensais superior ao do presidente que não chega a 30 mil reais. A notícia não agradou ao presidente Bolsonaro obrigando o ex-general a dar explicações para o ex-capitão.
“Não se deve misturar ciência com religião...são muitas décadas de estudo para formar a teoria da evolução”, manifestou o ministro de Ciência e Tecnologia, o astronauta Marcos Pontes, sobre as declarações da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, a pastora evangélica Damares Alves. A ministra tem assombrado a sociedade com o relato de seu encontro na infância com Jesus no alto de uma goiabeira, as declarações de que meninos vestem azul, meninas vestem rosa e, agora, a crítica à religião por ter dado espaço à ciência para a teoria da evolução entrar nas escolas.
Damares, Araújo (Chanceler), Velez (ministro da Educação) e Salles (ministro do Meio Ambiente) têm perdido os dias em devaneios ideológicos, quais arautos da ‘nova Era’, na ausência de medidas concretas que a sociedade espera.
Nesse meio-tempo o Ceará vive o 10º dia de onda de violência registrando 100 ataques em todo estado. De certa forma, é o teste para o juiz Sergio Moro, titular do ministério da Justiça e Segurança Pública, e para uma das principais promessas de governo de combater ao crime e à corrupção. Nessas promessas, e não em distrações ideológicas, políticas e desacordos da equipe de governo o eleitor depositou confiança cega, surda e muda no candidato para o eleger Presidente.