A ESFARRAPADA NOVA POLÍTICA

A ESFARRAPADA NOVA POLÍTICA

A vitória de Benjamin Netanyahu nas eleições de Israel nessa terça-feira (9/4), candidato da direita e extrema direita, coloca o povo palestino entre os sem-terra do mundo como catalães, tibetanos e curdos. Netanyahu afirmou que irá anexar Gaza e a Cisjordânia que significa anular a pretensão dos palestinos de ter seu próprio Estado.

Em maio do ano passado Donald Trump transferiu a embaixada americana para Jerusalém e há poucos dias reconheceu a anexação das Colinas de Golã (Colinas Sírias) ao Estado de Israel. As decisões contrariaram os esforços para criação do Estado Palestino e a posição da ONU de resolver o conflito por negociação entre as partes envolvidas.

O poderio militar de Israel, um dos maiores do mundo, sendo aliado dos Estados Unidos, o maior do mundo, explica que as decisões unilaterais são tomadas com medida de força e ameaças militares. O Conselho de Segurança da ONU, que detém o monopólio da força na esfera internacional, perde sentido a cada dia.

Israel, em guerra com os palestinos há mais de cinquenta anos, justifica a anexação do território para aumentar sua segurança. Os Estados Unidos, como Império, justificam pela manutenção da união com as grandes potências, auxiliares na luta contra dois adversários, a República Federativa da Rússia e, principalmente, a República Popular da China.

A política externa brasileira fundamentada no princípio de autodeterminação dos povos e de não intervenção, deveria se manter equidistante entre os Estados Unidos e seus auxiliares de um lado e, de outro lado, a China e a Rússia. Tal é a tradição do Brasil como nação voltada para a paz e concórdia mundial.

O presidente Bolsonaro por suas viagens recentes para os Estados Unidos, Israel e Chile, pelas declarações próprias, de seu filho Eduardo Bolsonaro e do Chanceler Ernesto Araújo demonstra que está determinado a reorientar a política externa brasileira. Como consequência a política interna será modificada contando com os ministros Paulo Guedes e Sérgio Moro. A isto têm chamado de Nova Política.

A Nova Política é o alinhamento de toda política externa brasileira à política de Donald Trump, de onde surgem o apoio a Israel e a participação na campanha para derrubar o governo da Venezuela.

Este alinhamento ocorre em um momento em que se promove a financeirização das economias mundiais e nacionais provocando estagnação da economia. Os jornais comprovam na data de hoje (12.04), a previsão crescimento da economia nacional para 2019 em pífios 1,3 %.

Não se vislumbra como e para que a Nova Política possa ser uma contribuição para os objetivos nacionais como soberania, desenvolvimento, crescimento, justiça social e democracia. Não se vê reciprocidade dos Estados Unidos e demais países de ultradireita, desmoralizando o Brasil comparando-o ao tipo “café com leite” dos jogos de infância.

Acrescente-se que as declarações de extrema-direita de Bolsonaro têm sido infelizes e causado rejeição mesmo dos governos de direita como democratas dos EUA, Chile, Argentina, Paraguai e até Marine Le Pen, de extrema-direita da França.

A Nova Política está direcionada para combater fantasmas como o “marxismo cultural” e ser oposição a países “malignos” com Venezuela, Cuba, Honduras, Rússia e China. O que alimenta sua ideologia é a visão religiosa, a luta entre o Bem e o Mal, entre os valores evangélicos e outras religiões cristãs e não cristãs. Têm visão religiosa extasiante sobre Israel e em meio ao transe surge Trump Salvador do Ocidente.

A Nova Política é tão velha como a que foi praticada na Idade Média e, como me disse uma amiga historiadora, só foi possível porque: “Bolsonaro tirou do armário a elite medieval”.