PREVISÃO CONFIRMADA
A retrospectiva de março mostra o compromisso do Presidente Bolsonaro com questões religiosas e ideológicas.
No dia 11 foi ao Rio para assistir a palestra do pastor John Hagee, presidente da Christians United for Israel, uma organização cristã-sionista com sede nos Estados Unidos.
A palestra ocorreu no Congresso do Cimeb – Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil coordenado por Silas Malafaia.
No dia 17 viajou para os Estados Unidos. Participou de banquete entre conservadores cujo cardápio constava caviar. Encontrou-se com Olavo de Carvalho considerado guru e pai da ‘revolução conservadora’ que está acontecendo no Brasil. Esteve com o presidente Trump e visitou a CIA, serviço secreto que espiona o mundo inclusive o Brasil.
Dia 22 encontrou-se com o presidente do Chile, Sebastián Piñera, de centro-direita. Elogiou o ditador Augusto Pinochet e provocou forte reação da oposição que tem maioria e de entidades de direitos humanos.
Terça-feira, 26, em horário de expediente esteve com a esposa Michelle em um shopping de Brasília para a pré-estreia do filme evangélico “Superação – o milagre da Fé”,
Em 31, esteve em Israel com o presidente Benjamin Netanyahu, de extrema-direita. Orou no Muro das Lamentações e repetiu o costume de deixar bilhete com o pedido, “Deus olhe para o Brasil”.
A agenda de março mostra que a preferência do chefe do Executivo não são os problemas concretos do país.
Prometeu o banimento da pátria aos opositores, fuzilar a “petralhada”, ou “vão fazer companhia ao cachaceiro lá em Curitiba”. Frases demagógicas de campanha que inaugurou o populismo de direita, totalmente, irrealizáveis. O próprio candidato deu a explicação: “não falo o que o povo quer. Sou o que o povo quer” (9.6.2016). O povo quis e o elegeu.
Uma vez eleito, no jantar em Washington (17.03), revelou aos presentes que o sentido do seu governo não é construir coisas para o povo brasileiro, mas descontruir. Passada essa etapa irá começar a fazer algo pelo país.
Depois de eleito trocou o discurso de “Brasil-Terror” de campanha pelo “Brasil-Desconstrução”.
A nação está vivendo essa fase de ‘desconstrução’, terá que aguardar o começar fazer. Resta saber se é isso que o povo esperava e quer.
Parece que não.
As pesquisas realizadas pelo Ibope em abril mostram a baixa aprovação do governo em 35%. Houve queda de 29% em relação ao final de campanha quando atingiu a 64%. É a pior avaliação dos primeiros três meses comparados a Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma.
Duas causas ajudam a entender o derretimento do governo Bolsonaro.
Os eleitores votaram na pauta contra a corrupção no sistema político. Bolsonaro foi o candidato que melhor representou esse papel. O segundo, o governo têm demonstrado despreparo e focado em questões que não interessam ao povo.
O próprio Bolsonaro é causador de caos: “Para mim, vale mais a questão ideológica do que a corrupção” (21.1.2018). Cria conflitos e o povo não está interessado neles.
Surgem, então, as patacoadas de seus ministros ideológicos e medidas absurdas como o desmonte do Ministério da Educação e do Meio Ambiente. Redução do Incra e Funai em favor dos ruralistas, mineradoras e madeireiros irregulares. Entrega da Embraer e Base de Alcântara aos americanos. Gafes do Chanceler ao condenar a China, o maior parceiro do Brasil. Ou, a estapafúrdia mudança da embaixada brasileira para Jerusalém em prejuízo dos negócios com os muçulmanos, segundo maior compradores do Brasil.
O mundo real é invisível para o governo. Nele a multidão enfrenta fila no Anhangabaú em busca de emprego. É o retrato do pior momento da história brasileira. São 1,2 milhões de desempregados na metrópole de 12 milhões. Em todo o país o desemprego atinge a 13,1 milhões de pessoas.
Bolsonaro profetizou esse momento para si em 22.09.2017 ao dizer: “Se um dia eu chegar a ser presidente, vai ser uma desgraça”