O PAGADOR DE PROMESSAS

O PAGADOR DE PROMESSAS

É preciso reconhecer que o Presidente Jair Messias Bolsonaro cumpre o que prometeu em campanha. É fiel aos seus eleitores e às empresas que o apoiaram. O Decreto de Armas permite a posse e o porte de armas de fogo.

Todo cidadão agora pode ficar feliz em possuir uma arma de fogo de verdade.

A empresa gaúcha de armas Taurus, que nos primeiros três meses do ano registrou 15,5% de aumento nas vendas e lucro líquido de R$ 92 milhões de aumento, deve comemorar com churrasco.

A bancada da bala, coordenada pelo gaúcho ministro Onyx Lorenzoni, pode ter fé no “Brasil armado acima de tudo” e cantar o hino finalizando com “Pátria, armada Brasil”.

Novo ciclo de desenvolvimento econômico-social se aproxima.

Empresas de stand de tiro ao alvo nas cidades, surgimento de clubes de tiro, lojas para venda de armas e munições, aumento de faturamento das funerárias, floriculturas com as coroas de flores e terrenos nos cemitérios são de se esperar.

As atividades ainda podem ser implementadas. Há vasta pasta de promessas para serem cumpridas como a do bandido bom é bandido morto, de metralhar os petistas e de pôr ordem no Brasil com a morte de uns 30 mil.

A ideologia religiosa ganha impulso. Reforça o mote de campanha de “Deus acima de todos”. O sobrenome Messias tem mais valor que Jair ou Bolsonaro sendo ele o enviado para uma missão. O próprio Bolsonaro fez essa afirmação através de vídeo e teve apoio do pastor Silas Malafaia.

A missão seria não deixar pedra sobre pedra narrada no Evangelho de Lucas (21, 5-19).  

O mesmo versículo bíblico traz a advertência de não se deixar enganar, porque muitos virão para falar em nome de Deus. Não importa, o desejo é tornar o país imenso templo pondo fim no Estado secular (neutro no campo religioso), como determina a Constituição Federal.

Presidente e seus ministros Ernesto Araújo, Damares Alves e Ricardo Salles, quais Cavaleiros Templários por suas declarações, insistem nessa mensagem do tempo das Cruzadas como a prioridade do governo.   

As condições políticas para tanto são promissoras.

As eleições enfraqueceram enormemente os partidos tradicionais que comandaram o país nos últimos trinta anos, precisamente, depois do regime militar. A polarização entre PT e PSDB deixou de existir.

A composição ideológica da Câmara dos Deputados é a melhor possível 376 deputados de direita e 137 de esquerda. O governo não depende dos votos da esquerda para aprovação de projetos.

Em momento algum outro governo esteve em situação tão favorável como a que se apresenta para o atual.

A oposição das esquerdas (PT, PDT, PSB, PCdoB e PSol) nesses cinco meses de mandato, praticamente, não existiu.

O presidente Jair Messias Bolsonaro está com a faca e o queijo para atingir seus objetivos.

O fato de a aprovação popular do presidente descambar de 54% logo após as eleições para próximo a 27% nas últimas pesquisas é reflexo da nova política que parou o país.

O Executivo e o Legislativo não se entendem, ou melhor, ninguém se entende mesmo entre si, embora todos tenham sido escolhidos pelos mesmos eleitores.

A direita se dividiu em extrema-direita (PSL) e direita tradicional (PP, PL, PTB, DEM, PSD e PRB), a Velha Política – no dizer de Bolsonaro.

A situação de fato levou o presidente a declarar o país ingovernável e que é a classe política que atrapalha. Chamou seus eleitores pra rua no dia 26 para dar apoio ao governo e defender o fechamento do Congresso e STF. Afirma que o sistema deseja assassiná-lo.

Zé do Burro ingênuo e de grande devoção religiosa da obra, “O Pagador de Promessas”, de Dias Gomes, acaba morto por insistir em pagar uma promessa imbecil.