É A VELHA HISTÓRIA
Desde remota antiguidade a fábula do velho, o menino e o burro é contada e não perdeu a validade.
A história é conhecida. O velho e o menino levavam um burro para vendê-lo na feira. Seguiam a pé para não cansar o animal visando melhor preço. No caminho foram sendo criticados por cada atitude que tomavam: andar a pé se tinham o burro; a criança montar e o velho andar a pé; a criança a pé e o velho montar; os dois montar no lombo de burro – pobre burro.
Por fim, quase chegando ao mercado resolveram carregar o burro nos ombros. Essa última, a mais estranha de todas, o fuxico foi geral: “Eles são os burros do burro”.
Esopo, o grego que escreveu essa fábula seiscentos anos antes do nascimento de Cristo, concluiu: “por mais que se tente agradar não se consegue tapar a boca do mundo”.
Essa historinha se parece com os dias atuais, o fuxico é geral causando mal-estar na sociedade.
Rui Barbosa, em seu tempo, já havia analisado esse fenômeno. Dizia ele a respeito: “A chave misteriosa das desgraças que nos afligem é esta; e somente esta: a Ignorância! Ela é a mãe da servilidade e da miséria”.
A ignorância a qual Rui se refere não é a do uso popular como estúpido, grosseiro, retardado. Rui associa ignorância ao não-saber. É o não-saber que acaba causando desgraças como mal-entendidos, maledicências, escravidão, miséria e injustiça.
Na fábula, a questão estaria resolvida se procurassem saber o motivo real de levar o animal a pé, simples assim.
Esta é a chave para a decisão sobre a Ponte dos Arcos de Lindóia.
Saber o motivo, se há necessidade real, de desconstruir o patrimônio histórico que é referência da cidade como alertou um cidadão bem informado no SPTV. A experiência de Águas de Lindóia deve servir de exemplo.
Na construção do novo Balneário optou-se por demolir o velho prédio da Fonte de valor histórico e arquitetônico inestimável, saudosa lembrança, hoje admirada em meia dúzia de fotos. Os projetistas da obra não tiveram o bom senso dos europeus, civilização mais velha e experiente, que não demolem casas, prédios e castelos, antes, as conservam para a posteridade. Solução de engenharia existia para a Fonte como existe para a Ponte dos Arcos, para surgir o novo não é necessário desconstruir o velho.
Há transferência de significados dessas histórias para uma realidade maior. Houve outras pontes como a que desconstruiu Dilma e foi substituída pela “Ponte Para O Futuro”, programa de Temer que terminou com aprovação de 5%.
Bolsonaro deseja desconstruir a “Velha Política” para construir a “Nova Política”. Tarefa que não tem tido sucesso. A bancada evangélica que o apoia com 203 deputados fechou questão contra a liberação das armas de fogo, uma prioridade de sua “Nova Política”.
Não se sabe o que é “Nova Política”. O empenho tem sido pela reforma da previdência que pretende tirar dinheiro do bolso do idoso. O ministro Paulo Guedes promete que depois dessa reforma irá fazer pela economia que anda péssima. O Banco Central projeta o crescimento o PIB para 2019 em 0,8 % e não há perspectiva de redução do grave problema do desemprego.
O que se vê e ouve pela ‘boca do mundo’, que hoje são as redes sociais robotizadas, é o louvor à ignorância, a chave das desgraças. São ladainhas ridículas sobre o passado sem nada propor de alternativa, porque não têm ideia de como mudar
A Nova Política é a velha história, como “o tambor faz muito barulho, mas é oco por dentro” (Barão de Itararé), é a arte de cultivar a ignorância para se manter no poder político.