MINA DE OURO AZUL
Estão expostos no Balneário dois quadros que merecem atenção. O da cientista, duas vezes prêmio Nobel, Marie Curie. Ela aqui esteve para constatar a radioatividade da água da Fonte (1926).
Outro, nota fiscal de venda de 600 litros de água para a NASA no início de 1969. A água teria seguido com a nave Apollo 11 e chegado à Lua com os primeiros astronautas a pisar o satélite.
Neste ano se comemora o 50º aniversário da expedição espacial considerada o maior espetáculo da espécie humana. O lindoiense está representado nessa viagem.
Essas referências comprovam a importância da “Água Lindoya” que atingiu expressão mundial. Elas representam recurso inigualável de marketing.
A marca tomou significado de conteúdo, sinônimo de água mineral. “Traz uma Lindoya”, o pedido se refere à água mineral. É o máximo que se espera de um produto.
“É um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade”, declarou Neil Armstrong ao pisar o solo lunar.
De fato, houve a conquista do espaço. A Terra passou a ser comandada por satélites imprescindíveis para o funcionamento do planeta.
A água teve sorte inversa. Pouco tempo depois a água mãe deixou de ser engarrafada e comercializada. Possibilitou o surgimento de engarrafamentos que garantem a reserva de mercado para a marca. Comparado ao futebol, é como jogador reserva que substitui o titular para continuar o jogo.
É comum no país o prefeito municipal ser o “homem do déficit”, obrigado a conter gastos e investimentos pela arrecadação insuficiente.
Na ausência de investimento não há progresso.
Depende dos governos estadual, federal e da vontade dos políticos cujo interesse mede pelo número de eleitores da população. O da Estância é pequeno, um dos menores. Recentemente, a reforma da praça central foi suspensa por ato do governador João Dória. Não obstante, ele obteve vitória com 70% da votação local e retribuiu com efeito contrário para a cidade.
Estima-se em 50 mil litros/hora a vazão da água do Balneário. Convertida em valor de moeda de 1 centavo resulta R$ 500,00 por hora. Somando os dias e os meses do ano o total de R$ 21.600.000,00 (Vinte e um milhões e seiscentos mil reais), anuais. Representa 5% da atual arrecadação municipal.
A projeção industrial otimizada em 2 turnos de trabalho, 6 dias semanais, 24 dias mensais, ao preço de R$ 0,50 o litro fornece o valor de R$ 115.000,000,00 (Cento e quinze milhões de reais), anuais ultrapassando em muito a receita do município.
Ainda sobrariam 400 mil litros de água diários para serventia pública.
Desprezar esse recurso que se escoa pelos ralos há tempos é inconcebível, é pecado, diz o religioso.
O município é possuidor de uma mina de ouro. “Ouro azul”, como se denomina a água. É o bem econômico da sua independência financeira.
A implementação de projeto para exploração da água deve atinar que apenas Brasil, Canadá e Rússia são autossuficientes em água doce. Há demanda internacional que possibilita a produção para fins de exportação. A Água Lindoya chegou à Lua pode alcançar a Arábia Saudita, Emirados Árabes ou Oriente Médio. Um contrato desses faria surgir os recursos para a estrutura da unidade industrial e orientaria o envaze adequado ao produto de exportação.
A experiência com a privatização ou concessão, em outros países e no Brasil (Coca Cola, Nestlé), mostrou ser péssimo negócio e gera crise. O século XXI é o das “Guerras das Águas”, como se observa pelos conflitos no México, Bolívia, África do Sul e nos Estados Unidos.
A administração da água deve ser pública e o povo guardião de sua maior riqueza, o ouro azul.
Celso Antunes