MADAME CURIE

MADAME CURIE

 

O melhor romance de 2019 é “A Ridícula Ideia de Não Mais Te Ver” da escritora portuguesa Rosa Montero, baseado em fatos da vida de Marie Sklodowska, cientista polonesa naturalizada francesa, a mais importante mulher de ciência do século passado.

Marie Sklodowska passou a se chamar Marie Curie com 28 anos ao se casar com o cientista Pierre Curi. Internacionalmente, ficou conhecida por Madame Curie. Pierre teve morte trágica deixando-a viúva aos 39 anos.

A obra literária é aula sobre a sensibilidade humana e a humanidade, valores em decadência na atual orientação que se dá ao país. Mostra a personalidade da cientista como mãe, esposa e a tenacidade pela emancipação da mulher.

Nesse tempo menina vestia rosa e menino vestia azul e tanto se tem insistido na volta dele.

O tratamento dado à mulher se vê pela imprensa que saudou a chegada de Madame Curie ao Rio de Janeiro, em 15.07.1926. O artigo A Mulher e a Ciência, publicado na “Revista da Semana”, assim se manifestava: 

“A mulher não tem pendor para a ciência, campo imenso para sua tão vasta curiosidade. Não no tem, quiçá, por fugir de um sacrifício que a deixa espavorida – o exigir-lhe constância, resistência, tenacidade atributos raros de seu sexo, porque a mulher é ao contrário, volúvel, inquieta e insofrida”

O absurdo é maior ao se referir à Madame Curie, professora emérita da Sorbonne (Paris), Prêmio Nobel de física (1903) e de química (1911), primeira mulher a receber esse prêmio, mais raro ainda, por duas vezes. Está-se diante da descobridora da radioatividade, palavra criada por ela a servir de referência histórica para o Século passado como “Século da Radioatividade”.

O curriculum brilhante, indiscutível, obrigou o articulista Raul de Navarro a se render e encontrar a saída honrosa concedendo a ela novo título. Diz ele:

“Vou declinar o nome de uma Santa de laboratório, de uma mulher que mereceu a veneração do mundo: Madame Curie”. (realce nosso).

O machismo ou sua variante moderna, a misoginia, que é a repulsa à mulher, usa a classificação religiosa para identifica-la como santa ou fútil.

Madame Curie não era nenhuma delas. Era mulher de ciência entre os maiores cientistas que a humanidade conheceu.

Em sua época era proibido mulher ter curso superior. Foi obrigada a deixar o país (Polônia), para prosseguir estudos em Paris. Estava diante de nova batalha, a xenofobia, teve que lutar contra o preconceito de ser estrangeira. Cinco anos após se enviuvar teve uma aproximação romântica com o cientista Paul Langevin. Por ele estar separado da esposa e não divorciado, se tornou vítima de grande escândalo. Igual a esse que a Globo pratica para destruir personalidades. A imprensa denunciava a condição de mulher estrangeira e de hábitos não convencionais. Rompeu o relacionamento com Langevin e pediu desculpas por macular o nome do marido falecido. Nesse mesmo ano ganharia o segundo Prêmio Nobel.   

Oito anos após visitar Águas de Lindóia (1934), aos 67 anos, faleceu.

Em 1995 seus restos mortais foram transladados para o Panteão de Paris, primeira mulher a ser sepultada nesse local. Sua existência resume uma epopeia feminina

A Água é a mãe de Águas de Lindóia que nasceu pela mão da ciência.

A Água atraiu o pesquisador nato, Dr. Francisco Tozzi, dedicado à medicina por evidência, o tratamento pela água e a cura. Com o espírito de Ciência surgiu a colônia chamada Thermas. 

Madame Curie cientista internacionalmente reconhecida, foi a responsável pelo sobrenome: Água Radioativa.

Feito histórico mais importante que ter ido à Lua é Madame Curie ter visitado nossa Água. É ela a mais ilustre personalidade que pisou nesta terra.

No centenário de sua visita, em 2026, seria honra e gratidão dos lindoienses inaugurar um busto de Madame Curie ao lado do Dr. Tozzi no Balneário.  

Nessa festividade se espera que a Água Radioativa já esteja tendo melhor aproveitamento e deixe de ser necessário escrever o romance: “A Ridícula Ideia de Não Mais Te Ver Engarrafada”

 

 

Celso Antunes