I LOVE YOU
Diplomatas disseram ao jornalista Lauro Jardim de ‘O Globo’ que o presidente Jair Messias Bolsonaro, logo após discursar na ONU (24.09), topou com o presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
Ao se cumprimentarem Bolsonaro se adiantou:
- I Love You.
Trump não respondeu à altura, apenas disse:
- Nice too see you again (Bom te ver de novo)
Pano rápido encerrou-se a conversa.
Trump se retirou apressado sendo perguntado por uma jornalista:
- Presidente o que achou do presidente Jair Bolsonaro?
A resposta foi, igualmente, curta:
- Is a good man (É um bom homem).
Caso esteja com Trump outra vez Bolsonaro poderá sofrer novo bloqueio psicológico e repetir a frase:
- I Love You.
Esse inacreditável diálogo entre os líderes mundiais é roteiro para filme de um extraordinário Charles Chaplin, o Carlitos, e servir para dar boas risadas.
Em 1967, Frank Sinatra em dueto com a filha Nancy gravaram um sucesso internacional, “Something Stupid” (Algo Estúpido), que descreve esse bloqueio psicológico.
A letra conta a história de um homem que aguarda na fila para falar com uma mulher. Ele insiste em conquista-la:
- Until you think you have the time to spend an evening with me
(Até você pensar que tem um tempo pra passar uma noite comigo).
Ao se aproximar dela tem um branco mental e diz apenas:
- I Love You.
Ele percebe que ela despreza suas palavras. Prepara-se, pensa em algo inteligente para dizer no próximo encontro. Novamente, estando a dois ele vai e repete a mesma estupidez:
- I Love You.
O amor de paixão que Bolsonaro sente por Trump é questão que como se diz, popularmente, só Freud explica.
Esse sentimento é demonstrado por Marisa Monte na canção “Amor I love you” quando diz:
“Deixa eu dizer que te amo. Deixa eu pensar em você. Isso me acalma, me acolhe a alma. Isso me ajuda a viver”.
O amor que comete loucuras é amor de perdição.
Ele faz nosso presidente bater continências para a bandeira americana e para o funcionário americano John Bolton quando esteve em sua casa no Rio de Janeiro, de ameaçar invadir a Venezuela a pedido de Trump, de desejar que seu filho Eduardo seja a todo custo embaixador nos Estados Unidos, cujo necessário domínio da língua seria apenas dizer “ I love you”.
Bolsonaro se orienta pelo princípio - “o amigo de Trump é meu amigo; o inimigo de Trump é meu inimigo” - versão atualizada do lema do tempo da ditadura militar, “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
Assim, em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, rompeu a tradição brasileira baseada na moderação e no pragmatismo colocando em risco os acordos de livre-comércio e exportação nacionais ao atacar o presidente francês Emmanuel Macron e, uma vez mais, não se esqueceu do “ai love you” ao saudar Donald Trump.
Donald Trump ao discursar na mesma Assembleia ofendeu a Venezuela chamando-a de capacho de Cuba. O presidente brasileiro teria igual sentido em relação aos Estados Unidos para Trump.
O Brasil e os Estados Unidos são os gigantes territoriais das Américas.
Jamais o gigante do Norte aceitará que o do Sul dispute a liderança do Continente e, para tanto, se empenha em mantê-lo como quintal.
Os americanos gozam, fazem profecia e comentam: “o Brasil é um país do futuro. E sempre será”.
O Brasil está numa sinuca de bico. O impeachment seria trocar o presidente ‘a good man” pelo vice “a bad man” (um homem mau).
Trump corre risco de perder as eleições em 2020 para um candidato de centro-esquerda.
Em solidariedade Bolsonaro renunciaria chegando ao fim a política brasileira do “ai love you”.