MODO DE PENSAR

MODO DE PENSAR

 

Pertencemos ao grupo de pessoas que não alimentam hostilidade contra a administração de qualquer prefeito presente ou passado. Também, somos daqueles que respeitam a memória, que se preocupam com as questões ecológicas, ambientais, sociais e que defendem ideias renovadoras para o município.

Esse grupo não é pequeno. Tem crescido entre trabalhadores, artesãos, microempresários, religiosos, professores, estudantes, profissionais liberais, funcionários públicos, aposentados representando o modo de pensar próprio do cidadão água-lindoiano.

O grau de pertença, que é o sentimento que se tem por Águas de Lindóia, é grande na população. Traduz uma expectativa de melhorar a cidade sem destruir nem esquecer as origens. 

Ao ver o Jacarandá florido, o que acontece entre agosto e novembro, não se pode deixar de se referenciar ao fundador Doutor Tozzi. Essa árvore foi escolhida para o primeiro plano de arborização da cidade. Hoje, centenárias, são encontradas entre o Balneário, o Hotel Glória e segue a entorno do Hotel Lindóia. Formaram, nos primeiros tempos, a alameda da cidade.

O Jacarandá, uma das árvores mais vistosas do Brasil, está em risco de extinção em seu habitat natural. As flores azul-lilás se harmonizam com os matizes das tardes de Lindóia. Tanto pela história ligada ao município quanto pela beleza na composição da paisagem, o Jacarandá merece ser eleito árvore símbolo da cidade.

O Horto Florestal necessita de atenção especial. A instituição do “Projeto Jacarandá” dinamizaria e atualizaria a importância do Horto. Pensa-se no envolvimento dos funcionários do setor com a rede de ensino público, grupos ecológicos e voluntários para práticas pedagógicas de coleta de sementes e formação de canteiro de mudas.

O plantio visaria integrar o centro e os bairros Bela Vista, Francos e Popular em um padrão de arborização único. A produção de mudas serviria à reposição de árvores retiradas, prática que está esquecida, e complemento do reflorestamento dos morros.

A defesa da natureza, a proteção do meio ambiente é consenso na população e principal fator de coesão. A vigilância popular vem agora

denunciar o plantio de eucaliptos no morro Bela Vista depois de ser queimado.

Os donos dessas áreas se sentem impunes. Talvez, incentivados pelo bloqueio da fiscalização florestal pelo governo Bolsonaro. Na cabeça desses proprietários se passa que a área queimada, sem árvore nativa, pode fazer uso da terra como bem entender.

O morro Bela Vista se encontra na área central da fratura geológica e área de recarga direta que forma o ribeirão Água Quente e as fontes do Balneário. As nascentes são misturas de águas superficiais com águas profundas que ali emergem. Mesmo os poços tubulares da Prefeitura e dos hotéis retiram a água desse aquífero. Os estudos geológicos da cidade deixaram claro que a solução definitiva é tornar esses morros uma área de proteção permanente (APP).

O abastecimento do centro urbano consome 100 litros de água por segundo: 60 litros da água das fontes (Balneário), 20 litros do córrego Água Quente e 20 litros de poço tubular. A situação precária do abastecimento, entre outros fatores de importância para a Estância, torna os morros de utilidade pública muito superior ao interesse dos particulares. Para isso há outros caminhos como reflorestamento para turismo ecológico ou a produção agroflorestal (produção de pupunha, frutas, grãos por exemplo). É preciso mudar o modo de pensar e não dar vez à ignorância.

Eucalipto não! Ele não absorve a água da chuva e pode secar as reservas subterrâneas próximas à superfície. É causador de grande impacto ambiental sobre água, solo, biodiversidade e atmosfera, dado a isto, não é permitido o plantio em área de proteção permanente. O plantio de eucalipto é regulado pelo Código Florestal e não pela vontade do dono da terra.

 

Celso Antunes