A GRANDEZA DE UMA CIDADE.
Não é possível deixar de reconhecer algo que modela a existência pessoal.
“A ética humana civiliza o homem em relação ao próprio homem”. O pensamento é do autor de “Os Miseráveis” e “O Corcunda de Notre-Dame”, o maior romancista francês, Victor Hugo (1802-1885). Concluía ele: “Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais”.
Essa consciência civilizatória se amplia em nossa cidade.
A iniciativa da população na formação de grupos de defesa das matas e da água já é realidade. Graças a isso houve a recuperação da Mata Atlântica com sua flora e fauna. A cidade recebe hoje a visita de tucanos, maritacas, sabiás, socós, sanhaços, aves de várias espécies, até desconhecidas. A época dos caçadores e aprisionadores de animais pertence ao passado, gaiolas e alçapões desapareceram.
Há inegável respeito com os animais, sua dor e sensibilidade comprovada.
Após a queimada do Morro Bela Vista circulou pelas redes sociais a foto tirada pelos socorristas voluntários. Nela se via uma fêmea gambá morta alimentando seus filhotes. Provocou tristeza e indignação.
A Praça Adhemar de Barros é a vitrine do convívio pacífico entre frequentadores, capivaras, gansos, patos, pombas e aves selvagens a causar o encantamento em crianças e adultos.
As antigas carrocinhas de bodes foram substituídas pela tração humana libertando esses animais. As charretes de passeio hoje são conduzidas por animais bem tratados. Os cavalos de aluguel ganharam novo espaço, o Forte Apache, sendo protegidos das intempéries e servidos de água e alimento. Cães de rua não são vítimas de maus tratos, são fortes, bem nutridos e alegres. A população acode e não permite que sofram.
Todos os dias, nas manhãs e nas tardes, acontece a caminhada de donos com seus cães de todas as raças. A relação mútua de bem-querer é uma estampa visível. Nas residências onde não se encontra a um cão há um gato representando o reino animal no seio familiar.
Tanto pela natureza, representada pelas matas, água e animais silvestres, como pelos animais domésticos, a relação que há com os humanos mostra que os água-lindoianos são civilizados e atingiram o ideal de Victor Hugo.
Pode-se ir mais longe pelo pensamento de Abraham Lincoln (ex-presidente americano). Diz ele: “Eu sou a favor dos direitos dos animais bem como dos direitos humanos. Essa é a proposta de um ser humano integral”.
Esse tipo humano integral é a índole da gente desta terra que se preocupa com a proteção da natureza, com o bem-estar dos animais, trata os semelhantes com respeito e tornou a comunidade pacifica, ordeira e fraterna.
Águas de Lindóia possui várias clínicas médico-veterinárias e estabelecimentos afins de banho-tosa e lojas pets. Vários de seus filhos já se tornaram profissionais Médico-Veterinários, outros estão cursando, outros mais pretendem cursar.
A notícia é auspiciosa pois área de conhecimento da ciência médico-veterinária é ampla e diversificada a envolver todos animais, desde os micróbios aos pequenos e grandes animais marinhos, aquáticos, silvestres e domésticos. Este conhecimento garante a saúde dos animais e impede as zoonoses (doenças transmitidas dos animais ao ser humano), e vice-versa como a tuberculose humana.
Desde meu tempo de juventude houve grande evolução no interesse e procura por esse tipo de conhecimento científico. De modo geral o saber passou a ser preocupação dos água-lindoianos e deve receber estímulo e apoio.
É necessário revelar.
Sou médico veterinário formado pela USP em 1969. O fato é curioso, sou o primeiro médico veterinário e, também, o diplomado em curso superior entre os nascidos em Águas de Lindóia.
Em síntese, o primeiro diploma universitário da cidade foi de médico veterinário ocorrido há 50 anos!
Exatamente, este ano é o cinquentenário da “Turma de Médicos Veterinários da USP – 1969”. A comemoração será de 18 a 20 deste mês contando com a presença dos formandos aqui em nossa Estância.
A presença desses médicos veterinários contribui para a grandeza desta cidade.
Sejam bem-vindos!
Celso Antunes
Médico Veterinário