ESTAMOS CONDENADOS À IGNORÂNCIA?

ESTAMOS CONDENADOS À IGNORÂNCIA?

 

A coluna “Mosaico” da jornalista Eliane R. Prado, na edição de 11 de janeiro deste ano do jornal “Tribuna das Águas”, chama atenção para a largada das eleições municipais.

Sobre os políticos diz, textualmente: “Eles também deixam claro valores, princípios, condutas, desvio de caráter, oportunismo, eficiência, rancores etc.”

Na aurora de 2020 ressurgem os primeiros sinais dessa realidade em nossa cidade cuja campanha política teve como ponto de largada a Delegacia de Polícia.

O diagnóstico confirma o eterno ciclo vicioso das eleições, o desafio, como fosse no faroeste americano entre bandidos e mocinhos.

A campanha é dominada pela perda de tempo em se falar mal do outro.

É um exercício causador de mal-estar, dissabor e infelicidade na convivência comunitária. Os candidatos, ao menos, deveriam considerar isto.

No mais, a política de lavar roupa suja termina sempre do mesmo jeito, entre mortos e feridos ninguém se salva.

É a classe política que se torna desmoralizada, desacreditada e banalizada como farinha do mesmo saco e, pelo dito popular, a conclusão de que na zona de meretrício não há virgem.

Por isso a descrença em política é geral no país.

A única saída encontrada por muitos cidadãos seria a volta do autoritarismo, da ditadura. O pensamento é ingênuo.

Essa solução não leva em conta a perda do maior bem que é a liberdade. O único, talvez, que reste como esperança.

O regime democrático é a forma humana de se encontrar soluções para problemas que sempre existirão e para administrar a vida em sociedade.

O desafio não está em criar o clima de bang-bang, como a polarização que tomou conta do país.

Águas de Lindóia não aceita e não deve cair no engano do duelo que se generalizou na nação e tem impedido o Brasil de avançar.

A grande questão do momento é repensar a forma como temos feito política pública. O verdadeiro desafio é repensar a vida do cidadão de Águas de Lindóia.

Eles vivem em uma casa, em uma rua, em um bairro, em uma cidade e não no Estado ou na União que são palavras abstratas.

A vida do cidadão é a bússola para orientar as políticas públicas no município.

Nossa Estância tem condições para se tornar exemplo de política moderna demostrando que o município é o grande instrumento de solução dos problemas de pessoas reais e de aprofundamento da democracia.

As melhores medidas são as que, realmente, refletem as aspirações e as necessidades das pessoas, seguindo o lema: ‘políticas melhores para vidas melhores’.

Está claro que se deve priorizar o investimento no social.

O progresso, e não o desenvolvimento, está na consolidação da vida decente e digna de todos que vivem no município. 

A gestão deve ser inovadora, original, não simples cópia dos modelos bem-sucedidos de administração passadas. É necessário desenvolver uma nova visão.

A Prefeitura Municipal é o instrumento de fortalecimento da sociedade como um todo, sem distinção das camadas sociais, deve primar por ações sociais, de cidadania e habitação.

A interrupção do atraso social e econômico na população, do desemprego e da baixa renda como a nossa (com renda per capita de um salário mínimo), se inicia pela libertação do aluguel pago e na melhoria da qualidade das residências onde vive.

A maioria de nossa população (54,37%), é formada de analfabetos e de ensino fundamental incompleto (Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, 2010).

É possível se deduzir que grande parcela da população está relegada a um plano secundário na agenda política por todo o tempo.

O aprofundamento do diagnóstico das questões sociais mostra um quadro ainda mais grave sobre a população lindoiense.

Sem melhorar a vida da população não se pode falar em progresso.

 

Celso Antunes

Águas de Lindóia