PASTEL DE VENTO

PASTEL DE VENTO

A convulsão da América Latina é fruto de antagonismo visível pela polarização da população. Os exemplos destacados são a Bolívia e o Chile. Estes países estão às portas de uma guerra civil. No acerto de contas provoca a paralização do país, o desabastecimento, causa feridos e mortes de cidadãos.

O Chile é um modelo bem-sucedido de economia neoliberal que tem servido de incentivo para o governo atual do Brasil.

A Bolívia tem os melhores resultados econômicos da América Latina. Solucionou grande parte dos graves problemas como a inclusão social dos índios que são 60% da população, o desemprego e a pobreza.

Em ambos os países ocorre a polarização da população contra o governo por motivos inversos.

A população chilena exige que se faça algo semelhante ao que foi realizado na Bolívia nas questões sociais. E, os bolivianos querem continuar como estão. Não admitem o governo autoproclamado que pretende seguir o exemplo do Chile que coloca a pessoa em segundo plano.

Esta história deixa muito claro que a economia de um país não causa o equilíbrio e a paz na nação se não oferecer vida decente para o cidadão.

A falta de perspectiva de uma vida decente é o combustível do radicalismo. Em casa que não tem pão todos brigam e ninguém tem razão diz o popular.

A realidade do Chile é semelhante a mais da metade da população brasileira incluindo a de Águas de Lindóia.

É humilhante viver com até R$ 998,00 mensais (salário mínimo) e não ser mais considerado pobre. Os pobres ganham menos que o salário mínimo. Os miseráveis, que estão abaixo da linha da pobreza, cerca de R$ 4,83/dia (até ¼ do salário), é dessa forma que a economia classifica a população.

Tem sido uma constante na história os esforços para melhorar a economia do país e a solução que se adota é a de piorar a vida do cidadão de carne e osso. A conta é matemática, como dois mais dois são quatro, os números da economia e os da realidade social são como água e óleo não dão liga, não se misturam, são inversamente proporcionais.

A produção de riquezas como o aumento do PIB (Produto Interno Bruto), as Bolsas de Valores em alta, a queda nos juros (Taxa Selic) que não chega o cidadão, o controle das contas públicas, da inflação e do valor do dólar não produz efeito prático algum para o cidadão. O que se observa, paralelamente, é a concentração de dinheiro e riqueza para poucos, o aumento da pobreza e a ampliação da desigualdade social.

A população ao passar do limite chegando a insuportável, entra em convulsão social

No Brasil esse potencial de revolta é gigantesco.

A polarização domina as redes sociais, há formação de grupos neonazistas (existem 334 células em todo país, segundo pesquisa da Unicamp), há clamor nas ruas pelo fechamento do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e pela volta do regime militar. Prevalece a ânsia punitiva generalizada como se a prisão e a cadeia fossem soluções para o desemprego, a educação, a saúde, a previdência social e a segurança pública. A forma adotada foi insuflar a população com grande carga emocional punitiva como sendo o remédio para todos os males.

A nação está em plena tempestade, é difícil de acreditar em final feliz. Nos tempos sombrios se aprende que cuidar de um país, de um estado, de uma cidade não é o mesmo que administrar uma empresa na qual o valor da pessoa é relativo e o que importa é o lucro.

As políticas municipais são as que afetam diretamente o dia a dia do cidadão comum. Águas de Lindóia necessita ser mais justa, sustentável em relação ao ambiente e socialmente coesa. Deve pôr fim à desigualdade socioterritorial e as comemorações cheguem ao Bela Vista, Francos, Popular e Jardim Europa. Assim, lazer e entretenimento serão realidades sociais e não apenas pastel de vento de épocas de natal.

Celso Antunes

Águas de Lindóia